quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Beleza tão antiga e sempre nova

Caros irmãos e irmãs, publicamos hoje um belo texto do Bispo de Santarém sobre a Beleza Litúrgica, antiga e sempre nova.


LITURGIA DA IGREJA CATÓLICA

Oportunas palavras do Bispo de Santarém levam-nos a refletir na beleza e profundidade da Liturgia. Mais do que isso, na força educadora e civilizadora dos seus ritos e símbolos.

 A Liturgia bem celebrada - com os ritos e gestos bem realizados, com os símbolos valorizados, o canto participado e adequado à assembleia - educa para o sentido da verdadeira beleza, ‘a beleza tão antiga e sempre nova' que Santo Agostinho descobriu em sua conversão. A beleza de Deus que resplandece no rosto de Jesus Cristo, que se reflete na Imaculada Mãe de Deus e que nos é comunicada pela graça. A beleza do amor que acolhe e partilha o sofrimento dos outros, a beleza da verdade e da justiça, a beleza da bondade e da pureza do coração."
Estas oportunas palavras foram proferidas por Dom Manuel Pelino Domingues, Bispo de Santarém (Portugal), em conferência na Semana Nacional da Educação Cristã, realizada nesse país em outubro de 2000.
Desenvolvendo o tema de que "a celebração do domingo educa para a beleza e a bondade", o douto Prelado apresentou o eloqüente testemunho de Leo Moulin, professor em várias faculdades da Europa e especialista em cultura da Idade Média:
"Cada domingo, uma multidão de camponeses cabeludos acomodava-se nos mais belos edifícios que a nossa civilização criou, desde a igreja românica, humilde e robusta, até os esplendores de Cluny: ‘casas do povo', como lhe chamavam na Itália. Ali, tinha sob os olhos os mais belos ornamentos, as mais belas imagens, os mais belos quadros, os mais belos objetos de culto que se conhecem. (...) Ouvia anunciar a palavra de Deus e elevar-se para o céu o canto gregoriano. Observava os gestos medidos e disciplinados do padre. Mesmo sem compreender o íntimo significado, conseguia perceber, embora com dificuldade, o valor do domínio de si, que é um dos sinais certos da cultura.
"Os tempos modernos construíram as massas (por razões que nada tinham a ver com a cultura), mas não as educaram.
As obras de gênio, que há um milênio tinham sido oferecidas generosamente aos olhos de todos, decoram agora palácios e salões. A arte religiosa entrou num longo período de decadência. Construíram-se museus, estes (necessários) cemitérios de arte, aos quais têm acesso só os privilegiados do dinheiro e da cultura" (Itinerário espiritual de um agnóstico, p. 51).
Dom Manuel Pelino tira deste depoimento oportuna conclusão:
"Este testemunho, tão profundo como esclarecido, convida-nos a rever a forma como celebramos a Liturgia do domingo, a linguagem que empregamos, o ambiente e arranjo dos templos que criamos. Não apenas a linguagem das palavras, mas a linguagem celebrativa dos ritos e dos símbolos, da palavra e do silêncio, da oração e do canto. A Liturgia bem celebrada faz apelo ao sentido de festa e de beleza, hoje mais desenvolvido nas pessoas. Pode tornar-se assim mais convidativa. (...) Não se trata de dar espetáculo, mas de tornar eloquente e significativa a linguagem da Liturgia: a luz, a água, as flores, o espaço, a cadeira, o altar, as procissões, a Palavra, a mesa, os gestos, o canto, o silêncio, etc."

(Revista Arautos do Evangelho, Nov/2004, n. 35, p. 50-51)















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