Diante da atual crise litúrgica, com aberrações gritantes, falsas concepções acerca da liturgia católica, bagunças nas Missas, debates quanto a mutilações e acréscimos feitos pela própria autoridade eclesiástica no texto do rito, levantam-se inúmeras propostas quanto ao que fazer. As sugestões, tendências teológicas, inclinações canônicas, e preferências pessoais (baseadas ou não na realidade dos fatos), são muitas. Podem, todavia, ser agrupadas, nesse quesito, em cinco grupos:
1. Os tradicionalistas
Segundo este grupo, a solução seria simplesmente retornar à última versão do Missale Romanum codificado por São Pio V, i.e., ao texto previsto em 1962, antes da reforma litúrgica de Paulo VI. Percebem os defensores de tal tese que os missais de 1962 e de 1970, embora conservem uma essência comum, são distintos por vários acréscimos feitos, bem como mutilações e adaptações, tanto no Ordinário quanto no Próprio. A linguagem, dizem, também teria mudado. Mais ainda: o modo como foi feita a reforma do Missale Romanum, em 1970, não teria respeitado o princípio do desenvolvimento harmônico, e, portanto, tratar-se-ia mais de um rito fabricado do que uma continuidade do rito romano clássico.
Parcela dos defensores dessa tese admitem que, enquanto não se chega à situação ideal de generalizar a prática da hoje chamada forma extraordinária a ponto de se tornar o rito normativo, possa-se tolerar o rito novo.
2. Os reformistas
São os que percebem que o rito novo possui várias lacunas, como, por exemplo, a exclusão das Orações ao Pé do Altar e do Último Evangelho, de certos paramentos como o manípulo ou o pluvial no Asperges antes da Missa Dominical, a simplificação por demais radical do Ofertório, a eliminação do lecionário de São Jerônimo, a mudança brusca no calendário e em certas orações do Próprio etc. Sabem também que o desenvolvimento harmônico não foi observado em sua confecção.
Todavia, vários pontos positivos existem no rito novo, segundo este grupo: a possibilidade de se usar canto gregoriano e incenso em todas as Missas e não só nas cantadas e solenes (embora, ironicamente, na prática, se tenha excluído de nossas paróquias tanto um quanto outro), a cessação da artificial duplicação de certas cerimônias, o Ite Missa Est depois da Bênção Final, as Orações dos Fiéis, a Procissão do Ofertório, o Salmo Responsorial como opção ao Gradual, o aumento de leituras bíblicas, o Próprio para os dias de semana do Advento e mesmo novas leituras nas férias do Tempo Comum, a simplificação na gradação das festas, a valorização do Domingo etc.
Alguns sentem falta também de rubricas mais precisas e duras, que eliminem qualquer possibilidade de dupla interpretação, para que não se as possa invocar para celebrar uma liturgia de qualquer modo. A exclusão prática do latim e a popularização do “versus populum” também são pontos negativos levantados pelos reformistas.
O que propõem com base em suas teses? A chamada “reforma da reforma”. Manter os pontos positivos da reforma de Paulo VI em seu Missale Romanum de 1970, mas incorporar aqueles elementos que não se deveriam ter perdido e que se encontravam no de 1962. E que isso seja feito de modo harmônico. Primeiramente, é preciso que o rito anterior tenha ampla liberdade e divulgação, e que os padres que celebram no novo se deixem influenciar pela mente do antigo, pelos costumes, pela piedade, pelo silêncio, e tais valores sejam transportados para o novo. Depois, que se obrigue a celebrar, mesmo no novo rito, “de costas”, “versus Deum”, e ao menos certos trechos em latim. Alguns clamam que uma Missa de Domingo seja em latim, no mínimo. Terceiro, que opções sejam dadas, pelo Papa, para incorporar, aos poucos algumas cerimônias que não se deveriam ter mudado por ocasião da reforma. O resultado será que o rito antigo será a base para um rito romano unificado e que tenha os pontos positivos do novo. Em um modo de falar, teríamos o desenvolvimento harmônico do rito antigo. Por outro ponto de vista, teríamos o novo indo beber no antigo.
Enquanto a “reforma da reforma” não é feita (ao menos não como implementação de um novo código de rubricas), dedicam-se a promover, num grau maior ou menor: a) a maior disseminação possível da forma extraordinária (rito romano antigo); b) a celebração da forma ordinária (rito romano moderno) em estrita obediência às rubricas atuais, com toda a solenidade possível (belos paramentos, cantos gregorianos, polifonia sacra, música popular mais sóbria e tradicional, diáconos, incenso, Missas pontificais com o Bispo de dalmática por baixo da casula e todo o cerimonial); c) a popularização do latim e do “versus Deum” mesmo nas Missas da forma ordinária, inclusive com eventuais Missas totalmente em latim.
3. Os idealistas
Para esses, o rito novo, de Paulo VI, não precisa de reforma alguma. Está perfeito. Tudo aquilo que tradicionalistas e reformistas enxergam como mutilações ou indevidas adaptações, foi bem feito. Nada de “Orações ao Pé do Altar” ou de “Último Evangelho” mesmo. Advogam um rito romano “puro”, medieval, desfeito de tudo o que consideram “estilo barroco” ou intromissão espúria do rito galicano. Alguns são fortemente influenciados pela heresia do arqueologismo, condenada por Pio XII, embora nem todos a ela prestem adesão.
Uns poucos, mais radicais, defendem o “versus populum” como a melhor das posições, e não admitem o latim em hipótese alguma nas Missas ordinárias. A maioria, entretanto, quer esse rito “puro”, mas com boas doses de latim, de gregoriano, de incenso, e “versus Deum”.
4. Os ultramontanos radicais
Para eles, o que o Papa decretar está correto, e não se preocupam com a profundidade da discussão. Não tanto por desinteresse ou por não serem experts na questão, mas por uma visão um tanto simplória e legalista das coisas. O Papa proibiu o rito antigo? Ótimo! O Papa liberou? Ótimo! O Papa reformou a liturgia? Ótimo! Não reformou? Ótimo!
É uma distorção da virtude da obediência e do princípio de andar no passo da Igreja.
5. Os revolucionários
Para eles, a crise litúrgica não é verdadeira crise. O problema é justamente a insistência dos conservadores (tradicionalistas, reformistas, idealistas e ultramontanos radicais).
Nesse grupo estão os liberais, os modernistas, os que acham que mesmo o Missale Romanum de 1970 fez pouco, e o tem apenas como um guia. Vão sempre além: aposentam a casula, ignoram o latim e o canto gregoriano, advogam o folk-pop e o rock romântico açucarado na Missa, sequer cogitam celebrar com incenso, consideram uma piada de mau gosto o “versus Deum”, colocam aqui e acolá elementos não previstos (cartazes na procissão de entrada, uma árvore no altar quando o Evangelho fala da videira e dos ramos, aplausos ritmados acompanhando as músicas), colocam leigos para fazer funções sacerdotais, rompem completamente com a tradição litúrgica, defendem a “Missa afro”, a “Missa crioula”, a “Missa funk”.
Claro que nem todos defendem todos esses bizarros elementos. Sua mentalidade é tão liberal que se dão ao luxo de escolher, entre os acima listados e outros mais (pois distorcem a sadia criatividade e mesmo o princípio da “actuosa participatio”), os elementos que vão adotar ou que acham corretos.
São os que percebem que o rito novo possui várias lacunas, como, por exemplo, a exclusão das Orações ao Pé do Altar e do Último Evangelho, de certos paramentos como o manípulo ou o pluvial no Asperges antes da Missa Dominical, a simplificação por demais radical do Ofertório, a eliminação do lecionário de São Jerônimo, a mudança brusca no calendário e em certas orações do Próprio etc. Sabem também que o desenvolvimento harmônico não foi observado em sua confecção.
Todavia, vários pontos positivos existem no rito novo, segundo este grupo: a possibilidade de se usar canto gregoriano e incenso em todas as Missas e não só nas cantadas e solenes (embora, ironicamente, na prática, se tenha excluído de nossas paróquias tanto um quanto outro), a cessação da artificial duplicação de certas cerimônias, o Ite Missa Est depois da Bênção Final, as Orações dos Fiéis, a Procissão do Ofertório, o Salmo Responsorial como opção ao Gradual, o aumento de leituras bíblicas, o Próprio para os dias de semana do Advento e mesmo novas leituras nas férias do Tempo Comum, a simplificação na gradação das festas, a valorização do Domingo etc.
Alguns sentem falta também de rubricas mais precisas e duras, que eliminem qualquer possibilidade de dupla interpretação, para que não se as possa invocar para celebrar uma liturgia de qualquer modo. A exclusão prática do latim e a popularização do “versus populum” também são pontos negativos levantados pelos reformistas.
O que propõem com base em suas teses? A chamada “reforma da reforma”. Manter os pontos positivos da reforma de Paulo VI em seu Missale Romanum de 1970, mas incorporar aqueles elementos que não se deveriam ter perdido e que se encontravam no de 1962. E que isso seja feito de modo harmônico. Primeiramente, é preciso que o rito anterior tenha ampla liberdade e divulgação, e que os padres que celebram no novo se deixem influenciar pela mente do antigo, pelos costumes, pela piedade, pelo silêncio, e tais valores sejam transportados para o novo. Depois, que se obrigue a celebrar, mesmo no novo rito, “de costas”, “versus Deum”, e ao menos certos trechos em latim. Alguns clamam que uma Missa de Domingo seja em latim, no mínimo. Terceiro, que opções sejam dadas, pelo Papa, para incorporar, aos poucos algumas cerimônias que não se deveriam ter mudado por ocasião da reforma. O resultado será que o rito antigo será a base para um rito romano unificado e que tenha os pontos positivos do novo. Em um modo de falar, teríamos o desenvolvimento harmônico do rito antigo. Por outro ponto de vista, teríamos o novo indo beber no antigo.
Enquanto a “reforma da reforma” não é feita (ao menos não como implementação de um novo código de rubricas), dedicam-se a promover, num grau maior ou menor: a) a maior disseminação possível da forma extraordinária (rito romano antigo); b) a celebração da forma ordinária (rito romano moderno) em estrita obediência às rubricas atuais, com toda a solenidade possível (belos paramentos, cantos gregorianos, polifonia sacra, música popular mais sóbria e tradicional, diáconos, incenso, Missas pontificais com o Bispo de dalmática por baixo da casula e todo o cerimonial); c) a popularização do latim e do “versus Deum” mesmo nas Missas da forma ordinária, inclusive com eventuais Missas totalmente em latim.
3. Os idealistas
Para esses, o rito novo, de Paulo VI, não precisa de reforma alguma. Está perfeito. Tudo aquilo que tradicionalistas e reformistas enxergam como mutilações ou indevidas adaptações, foi bem feito. Nada de “Orações ao Pé do Altar” ou de “Último Evangelho” mesmo. Advogam um rito romano “puro”, medieval, desfeito de tudo o que consideram “estilo barroco” ou intromissão espúria do rito galicano. Alguns são fortemente influenciados pela heresia do arqueologismo, condenada por Pio XII, embora nem todos a ela prestem adesão.
Uns poucos, mais radicais, defendem o “versus populum” como a melhor das posições, e não admitem o latim em hipótese alguma nas Missas ordinárias. A maioria, entretanto, quer esse rito “puro”, mas com boas doses de latim, de gregoriano, de incenso, e “versus Deum”.
4. Os ultramontanos radicais
Para eles, o que o Papa decretar está correto, e não se preocupam com a profundidade da discussão. Não tanto por desinteresse ou por não serem experts na questão, mas por uma visão um tanto simplória e legalista das coisas. O Papa proibiu o rito antigo? Ótimo! O Papa liberou? Ótimo! O Papa reformou a liturgia? Ótimo! Não reformou? Ótimo!
É uma distorção da virtude da obediência e do princípio de andar no passo da Igreja.
5. Os revolucionários
Para eles, a crise litúrgica não é verdadeira crise. O problema é justamente a insistência dos conservadores (tradicionalistas, reformistas, idealistas e ultramontanos radicais).
Nesse grupo estão os liberais, os modernistas, os que acham que mesmo o Missale Romanum de 1970 fez pouco, e o tem apenas como um guia. Vão sempre além: aposentam a casula, ignoram o latim e o canto gregoriano, advogam o folk-pop e o rock romântico açucarado na Missa, sequer cogitam celebrar com incenso, consideram uma piada de mau gosto o “versus Deum”, colocam aqui e acolá elementos não previstos (cartazes na procissão de entrada, uma árvore no altar quando o Evangelho fala da videira e dos ramos, aplausos ritmados acompanhando as músicas), colocam leigos para fazer funções sacerdotais, rompem completamente com a tradição litúrgica, defendem a “Missa afro”, a “Missa crioula”, a “Missa funk”.
Claro que nem todos defendem todos esses bizarros elementos. Sua mentalidade é tão liberal que se dão ao luxo de escolher, entre os acima listados e outros mais (pois distorcem a sadia criatividade e mesmo o princípio da “actuosa participatio”), os elementos que vão adotar ou que acham corretos.
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